Esse não é um post sobre uma viagem ou lugar. É mais um relato, que procurei muito na internet e não achei. Cirurgia de catarata. Sim, há inúmeros sites médicos, vídeos que mostram como é a cirurgia, mas ninguém contando como foi, do “ponto de vista” do paciente. Sem trocadilhos.
Catarata todo mundo vai ter um dia. Assim como ruga e cabelo branco. Mais cedo ou mais tarde você vai ter. No meu caso, foi mais cedo devido ao monte de corticóides que tomei por causa da Artrite Reumatóide.
Há mais ou menos dois anos eu comecei a não enxergar direito mesmo com óculos. Meu grau começou a mudar com uma frequência galopante e o astigmatismo, que faz todas as imagens serem acompanhadas de fantasmas, estava altíssimo, principalmente no olho esquerdo.
Em janeiro desse ano fiz novas lentes e em março já não serviam mais. Na consulta, a oftalmologista, antes mesmo de me examinar, já suspeitou do diagnóstico: catarata e cirurgia.
O que é catarata?
A explicação mais simples que encontrei: atrás da iris, existe uma estrutura, que é uma lente natural chamada cristalino, que como o nome sugere, tem que ser transparente, mas com o tempo vai ficando opaca. Pense numa clara de ovo crua que aos poucos vai cozinhando e ficando branca. A visão fica nublada e as cores e contornos pouco definidos. No meu caso, juntando com o astigmatismo, estava bem difícil. Eu via umas três luas, ler e principalmente escrever no computador era cada vez mais complicado, as letras e seus fantasmas sobrepunham-se uns aos outros. Por isso os posts aqui no blog ficaram tão espaçados… Perdi a noção de profundidade. Os letreiros luminosos me deixavam tonta. Imagina a situação dentro de um shopping? E claro que minha grande preocupação era não conseguir ler os quadros de embarque nos aeroportos e estações de trem! Hehehe!
No mesmo dia da consulta e do diagnóstico, fiz um monte de exames nos olhos. Esses exames servem para definir a indicação da lente que vai ser implantada para substituir o cristalino que vai ser removido e para saber qual o percentual de benefício da cirurgia.
Depois de fazer os exames de risco cirúrgico, marquei a primeira cirurgia – a do olho esquerdo, o mais complicado. Conversando com o cirurgião, fiquei sabendo que mesmo com as tais lentes ultra modernas poderia haver algum resíduo de grau.
A lente intraocular
O que mais me animou nessa história, foi a possibilidade de ficar livre dos óculos. Atualmente existem lentes trifocais/multifocais que possibilitam a visão de longe, meia distância e de perto. Uma beleza para quem além de ter astigmatismo, tem presbiopia (dificuldade em ver de perto). Só tem um probleminha… o preço. É extratosférico!!! E claro que o meu plano de saúde cobre a cirurgia mas não cobre esse tipo de lente. Só cobre a mais simples que não corrige grau, é nacional, e segundo dizem, acaba embaçando com o tempo. Para o meu complicado olho esquerdo, o cirurgião indicou uma lente trifocal tórica. A mais cara ever!!
A cirurgia de remoção da catarata
A cirurgia que se chama facoemulsificação, consiste em fazer um microincisão na córnea, e com ultrassons o cristalino é “quebrado” e os pedacinhos são aspirados. Pelo mesmo corte é introduzida a lente intraocular que vai substituir o cristalino.
No dia anterior, já comecei a pingar um colírio para profilaxia, antinflamatório. E no dia marcado, umas três horas antes, aquele conhecido dilatador de pupila. Ter que estar em jejum a partir da meia noite do dia anterior. A clínica marca um monte de cirurgias de um monte de pacientes no mesmo dia. A internação é por ordem de chegada e tem que ir acompanhada. Meu anjo da guarda, disfarçada de prima, veio de São Paulo para me acompanhar. Obrigada Primoca querida!
Chega a minha vez, e fui levada para uma sala, digamos, preparatória e de recuperação. Troquei a roupa por aquele pegnoir de hospital (mas pode ficar de calcinha e sutiã), a enfermeira mede a pressão e pinga um outro colírio. Touquinha e sapatilha completam o “look”. Enquanto isso, senhoras que voltam da cirugia, recebem um lanchinho enquanto o “zozó” da anestesia vai passando. Aí me sentaram na cadeira de rodas com a minha pastinha (com todos os exames e a caixa lacrada contendo a lente) no colo e fui conduzida ao centro cirúrgico. Lá dentro, tem a ante-sala onde a anestesista pinga outro monte de colírios anestésicos e pega uma veia para a anestesia em si. Momento zuzubem… Daí entrei na sala de cirurgia, sentei numa cadeira que vai aos poucos deitando, e só vi alguém colocando um pano no meu rosto deixando só o olho que vai ser operado de fora. Apagão total, zero lembrança. Quando dei conta já estava recebendo meu lanchinho, com um protetor transparente no olho operado. Minutos depois já estava indo embora para casa com lindos óculos escuros, super fashion, para usar no dia seguinte de presente.
Pós operatório
Zero dor, nenhum desconforto. Chegando em casa o negócio é descansar. O milagre de começar a enxergar sem óculos não acontece no mesmo dia, porque a pupila ainda está dilatada. O mais importante é pingar os colírios nos horários certinhos! No dia seguinte tem a primeira consulta de revisão e tchan ram! Sim enxerguei de perto e de longe! Mas… as letras de perto ainda tinham um fantasma em volta. Oh céus! Seguinte: além da catarata, eu ainda fui agraciada com um opacificação na cápsula que envolve o cristalino, também culpa dos corticóides. Isso atrapalha a entrada de luz e a formação das imagens na retina. Só depois de três meses vou poder fazer um lazer para resolver esse problema.
O período de 20 dias após a cirurgia é tranquilo mas é cheio de “não podes”. Nada de maquiagem, não pode abaixar a cabeça, lavar o cabelo (três dias), cozinhar, fazer exercícios e tarefas domésticas, dormir do lado do olho operado e tem que usar óculos escuros. É muita luz! E é meio complicado estar enchergando com um olho e o outro ainda precisando de grau. Mas dá para levar numa boa.
Exatamente depois de vinte dias, operei o olho direito, e desta vez, coloquei uma lente multifocal. Como tudo que a gente conhece é mais fácil, a segunda cirurgia e recuperação foram bem tranquilas. Estou enxergando bem??? Sim! Não estou precisando de óculos para ler no celular, nem para ler o nome das ruas. Consigo ver placas de carro (sabe aquela conferida do Uber?), preço nas vitrines, coisas e pessoas estão com contornos definidos. Mas ainda tem alguns fantasmas, principalmente à meia distância (computador), o quê, segundo a oftalmologista é absolutamente normal, é o período de adaptação mesmo. E vejo halos em volta de pontos luminosos como faróis de carro e lâmpadas. Também normal nesse período de adptação à lente multifocal (que parece uma cebola). Daqui a 30 dias tenho a consulta para saber se vou precisar de correção, talvez para longas leituras ou horas digitando no notebook.
Estou prontinha para ver tudo que o mundo tem para me mostrar. Que venha a próxima viagem!!!
Ufa, que alívio! Boa recuperação! Cuide-se direitinho!!!
beiios carinhosos
Yes!!!!! Falta muito pouco para a proxima viagem!!!!!!
Já em contagem regressiva!!!! Primocas em ação 2017!
Que bom que você está bem, Celina!
Minha mãe já fez as duas cirurgias de catarata; se tivesse lido antes da cirurgia, teria te recomendado utilizar a lente dobrável, mais cara, para não precisar levar pontos, pois o pós-operatório e a cicatrização é melhor.
Sou entusiasta das cirurgias: fiz miopia nos dois olhos e passei de 9,5 graus para apenas 0,5. Para mim, foi um verdadeiro milagre. Lembro que fiquei umas 3 semanas depois da cirurgia muito preocupada, pois as letras ficavam “pulando” na tela e nos livros, mas depois (já faz 11 anos), foi só alegria 🙂
Oi Karla! Acho que foi a dobrável que coloquei sim, pois não precisei levar pontos. Esse período de adaptação é meio preocupante, tudo que é estranho a gente fica achando que é pra sempre. Mas estou sendo bem orientada.