Continuando a saga do post anterior… Uma coisa é verdade. Com o tempo a gente aprende a conviver com a doença e descobre como ter uma postura pró-ativa e encarar a situação com bom humor. Fiquei tão íntima da minha artrite reumatóide que a chamo carinhosamente de Marguerrite, e dei-lhe até uma persona – ela é uma senhora francesa, muito ranzinza, que só fica feliz passeando. Portanto preciso levar Marguerrite para passear, senão ela fica zangada e “me ataca”.
Com o primeiro aceno de uma viagem, nem pensei duas vezes. Um amigo estava em Nova York e me chamou para passar uma semana por lá. Fui! Ainda me lembro da sensação de depois de tudo por que tinha passado, desembarcar e sentir aquele frio no rosto. Bati perna durante uma semana, assisti musicais, absorvi cada molécula da Big Apple e voltei melhor do que fui. Mais um ponto para a minha confiança.
A segunda viagem, apesar de não ser internacional, foi mais marcante ainda. Fui para Natal, no Rio Grande do Norte. No primeiro dia de passeios de bug, veio a tradicional pergunta do bugueiro: com ou sem emoção? Trata-se de um passeio de bug pelo litoral norte e sul, que claro inclui um giro pelas dunas. Com emoção, significa que o bugueiro vai fazer manobras radicais, um tanto arriscadas. Expliquei a ele o meu problema. Mas durante o dia, acabei fazendo todas as maluquices: andei de camelo, subi de pára-quedas puxada por bug, desci de skybunda, fiz tiroleza, e no fim do dia, depois de uma secão puxada de forró, o bugueiro me perguntou com aquele sotaque delicioso: a senhóora tem cértêeza que tem algum próbléma di saúdi?
Conforme o tempo foi passando, fui ficando abusada. Ficar longe de casa? Võo internacional? 11 horas sentada? E se inflamar ? Na verdade é o medo que acaba por impedir mais do que a própria doença. Mas o grande desafio mesmo foi a primeira viagem para a Europa. Aí sim eu senti borboletas no estômago. Seriam quase três meses, durante o inverno, hospedada na casa de um amigo que fiz pela internet! Mais uma vez a vontade de conhecer Paris foi mais forte que o medo.
Foi nessa viagem que tive certeza que felicidade é o melhor remédio para a Artrite Reumatóide, e o melhor analgésico, anti-stress e o mais portente anti-envelhecimento também!. Logo no primeiro dia andei uns 6 kms num frio de 3 graus. A greve de transportes da cidade estava no seu quinto dia e nem táxis rodavam. Pensei que no dia seguinte estaria inválida. Pois levantei lépida e fagueira e lá fui eu explorar a cidade sem nenhuma dorzinha! Depois, em Amsterdam, com meus filhos, pegamos quase -6, e muita neve! Nunca me senti tão bem!
Foi também nessa viagem que entendi que o frio me faz bem. Fico muito mais animada e sou capaz de andar quilômetros, só parando de vez em quando para um café restaurador. O calor, ao contrário baixa minha animação e não tenho vontade de fazer nada fora de um ambiente refrigerado.
Mas então eu nunca tive nenhum “contratempo” durante uma viagem? Claro que sim, mas só uma vez tinha a ver realmente com a artrite reumatóide. Tive um mega gripe com febre alta na viagem às Highlands na Escócia, e uma dor horrosa no pé (esse foi meu maior susto) na véspera de ir para Berlim durante a nevasca de 2013. No famoso caso da perda do passaporte dos meus amigos. Pura tensão! Mas como eu tinha meus remédios, no dia seguinte estava andando em meio a muitos centímetros de neve.
Mas tanto para uma semana como para viagens longas, essas de seis mêses na Europa, é preciso uma certa logística. Minha listinha:
1-Primeiro, com antecedência, vou comprando todos os medicamentos de uso contínuo que vou precisar para todo o tempo da viagem. Isso exige planejamento, pois são medicamentos caros.
2-Peço à minha médica uma receita com todos os medicamentos e um atestado que explique que sou paciente de AR. Isso pode ser útil na imigração em certos paízes, se implicarem com a quantidade de medicamentos ou se precisar de atendimento (toc, toc, toc).
3-Por via das dúvidas levo analgésicos do tipo “sossega leão”. Esses que a gente só compra com receitas que ficam retidas. Estar tranquila que tenho um remédio caso eu tenha uma “puta dor”, contribui para que eu não tenha. Também levo um monte de “patches anti-inflamatórios”. Levo minha caixinha com remédios a bordo. Vai que dá algum problema e o vôo atrasa?
4-Também por via das dúvidas, levo uma luvinha que imobiliza o punho e a mão caso eu sinta dor – é muito levantamento de malinha!
5-Aprendi a viajar leve! Minha regra número um é uma bagagem que eu possa carregar sozinha, sem sacrifício. Seja sozinha ou acompanhada.
6- E claro! Faço Seguro Viagem sempre!
Então, respondendo à leitora, não é que eu não tenha medo. Mas ele não me paraliza, não me impede de querer e efetivamente viajar. E assim pude conehcer lugares e viver experiências maravilhosas que são o motivo desse blog. Viajar me faz bem.
E se tenho medo de viajar sozinha? Não, não tenho. Mas viajar sozinha é um direito, e não um dever ou “ritual pelo qual a mulher moderna precisa passar”. Uma viagem é para ser tudo de bom e não uma gincana. Tem que ser natural e confortável. Não é para provar nada para ninguém. Se não é a sua praia, ok! Se sente medo, ok também! Mas… isso é assunto para outro post.
Eu amo viajar sozinha! É libertador. Mas viajar acompanhada é uma delícia. Viajar me faz bem. E ficar bem é o melhor remédio, para tudo na vida.
Meu melhor remédio é ser feliz.
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Ah! não esqueça do seguro viagem! Leitor do blog tem desconto.
Oi Celina! Não sabia que você tinha esta doença que eu só conhecia do House mesmo! Muito legal seu exemplo. Inspirador para tanta gente que reclama da vida. Vou compartilhar lá na fanpage do Dicas e Roteiros de Viagens para ajudar meus leitores. Beijão!!
Que bom ler relatos tão animadores !
Sou encantada com seu blog!!!
bjs
Obrigada Marise! É para animar mesmo e a intenção foi mesmo de mostrar que tem sim uma luzinha no fim do túnel.
Simmm…Cel! O melhor remédio é fazer sempre o que gostamos na tentativa de viver momentos felizes!
Compartilho dessa sua paixão pelas viagens, mas no momento estou dando um tempo pq estou investindo em outro bem estar.
Nunca me esqueço que seu Blog e a sua intrépida narrativa me ajudaram muito em minhas viagens solo ou acompanhada.
Seu bom humor e alto astral, sem dúvida, contribuem 90% para o tratamento.
Querida Eliane! Eu também estou num intervalo de viagens por outros objetivos, mas doida pra botar meu pézinho num avião! mil beijos!
Grande continuação!!!!! É isso… felucidade é sempre o melhor remédio!
Estamos precisando de continuação do Primocas em Ação!
Celina,
Amei seus dois posts sobre a AR, minha foi foi diagnosticada no ano passado, e achei tão esclarecedor… Aprendi coisas que nao sabia e admirei ainda mais você!!!
Já mandei o link para ela ler e se inspirar 🙂
Bjos
Ai que bom Mirella! Era essa a intenção! Qdo a gente recebe o diagnóstico vem sempre o pior na cabeça, mas tem saída sim! é ter paciência e achar a medicação correta! Vai dar tudo certo, e se eu puder ajudar em alguma coisa, estamos aí!
Adorei, considero importante que dividas sua experiência e que isso possa colaborar com outras pesoas, talvez temerárias de cair no mundo com AR. O nome é o máximo. Tive trombose, fiquei com sequelas e ter coragem de encarar o primeiro voo foi libertador. BjO
Então não é? Enfrentar liberta a gente. Valeu a visita Paulinha!
Incrível post. Mais que uma receita… uma lição de vida, querida.
Adoro ler você!!!
Que bom que voltou a escrever!
beijos!
E que bom ter vc de volta, querida!