Estando em Florença é quase impossível resistir aos passeios que a Toscana oferece. O difícil é decidir aonde e como ir. Florença fica perto de várias cidades (algumas icrivelmente medievais) que valem muito uma visita.

Porta alla Croce Firenze

As distâncias são pequenas e  ir até essas cidades são aqueles passeios tipo “bate e volta” perfeitos, tendo Florença como base.

Firenze – Siena > 1:50h

Firenze – Pisa >    1:10h

Firenze –  Lucca>  1:40h

Firenze – Cinque Terre 1:40h (trem) 2:10    (ônibus)

E por mais que eu esteja familiarizada com cidades medievais, sempre descubro que cada uma tem uma característica própria, algo que pode surpreender e que é totalmente diferente das que eu já conheci.

PIazza Salimbeni – Sede Medieval do Monte dei Paschi di Siena

Depois de muito pesquisar me decidi por um passeio à Siena, San Gimignano e região de Chianti, feito por uma das inúmeras companhias de turismo de Florença e mesmo saindo mais caro do que fazer por conta própria (é possível ir de trem e de ônibus) não me arrependi nem um pouco!

Uma van confortável me esperava às 8:45 na Piazza de la Unitá, a 300 metros do meu hotel. Duas indianas, mãe e filha inglesas, mãe e filha japonesas, uma norueguesa e um casal de escocêses eram meus companheiros de viagem. Depois de nos apresentarmos, viramos imediatamente cúmplices animadíssimos  da viagem. Durante o percurso, nossa guia nos explicou que Siena e Florença, são até hoje, “inimigas” devido à longa lista de batalhas durante a Idade Média. A “rusga” continua até hoje.

 Nosso grupo e Nicoleta  a guia Sienense

Siena era uma cidade próspera, já em 1100! Os franceses haviam construído a Via Francígena (uma via de peregrinação que ligava Canterbury na Inglaterra a Roma) e como muitos viajantes  e peregrinos passavam por Siena, a cidade transformou-se numa “zona di posta” e de câmbio, ou seja, já na Idade Média, existia algo parecido com os travellers cheques, a “lettera  de cambio”. Siena e Florença, ambas importantíssimas, prósperas,  e praticamente uma ao lado da outra, começaram a guerrear entre si.

Este ingênuo íma de geladeria, foi o único jeito de tentar explicar esse lugar.  A cidade fica numa colina, e a Piazza del Campo, em forma de concha,  fica na parte mais baixa, sendo cercada por construções obivamente medievais, e inúmeros portais, essas aberturas que desembocam na praça, que por sua vez são cercados por ruas e ruelas que sobem em descem.

Fonte: Virtual Earth

Em Siena, prepare suas pernas! Elas serão constantemente desafiadas. A partir da Piazza del Campo, chamada apenas de Il Campo, há que subir essas escadas para se embrenhar pela cidade.

Entrada do centro histórico.

SIENA – QUASE INACREDITÁVEL!

Siena é mesmo uma cidade e é mesmo medieval. É sim turística, mas pessoas realmente moram, vivem e trabalham lá! Ao contrário de Óbidos em Portugal, e outras tantas cidades que são totalmente voltadas para os visitantes e turistas, Siena é uma cidade comum, com lojas comuns, lojas de griffe, restaurantes, farmácias, supermercados, bancos etc  E gente comum fazendo coisas comuns. Começamos o passeio pelas ruas que circundam a praça central, um nível acima. E como todos se conhecem, Nicoleta foi comprimentando todo mundo enquanto nos explicava cada detalhe das construções, dos costumes, das rivalidades entre os próprios sienenses, das batalhas entre Florença e Siena… E foi exatamente esse plus que fez valer muito a pena um passeio guiado, pois a história foi contada por uma habitante do lugar! E como viajar é a melhor sala de aula que eu conheço, adorei entender  que a unificação do país se deu muito tarde e por isso, na Itália, as rivalidades  entre as cidades persistem até  hoje, quase como eram antigamente.

Igreja de San Domenico – fora das muralhas de Siena- caminho para a Catedral de Siena

UMA CATEDRAL PARA SER A MAIOR DE TODAS!

Deu para entender o relevo do lugar? Enquanto subíamos, por ruinhas, por ruelas e por escadas, ela ia nos explicando que Siena queria ter uma catedral maior que a de Florença, e maior mesmo que a de Roma!!  E por isso, escolheram a colina mais alta da cidade para ser totalmente ocupada pelo Duomo. Esses “planos” de grandeza, pasmem, são de 1215! Quando a cidade estava num período de vacas gordíssimas! Um século mais tarde, veio a  Peste Negra que matou mais da metade da população da cidade. Sem dinheiro e operários para trabalhar na construção da Catedral, os planos para a maior catedral não forma muito adiante.

Já depois de uma bela escadaria, Nicoleta anunciou: Não! Esta não é a Catedral! É apenas o Batistério! O Duomo, estava láaaa em cima, subindo mais um pouquinho! Todos se entreolharam, respiraram fundo e tome de subir! E a visão dessa obra de arte, um exemplo imperdível do gótico italiano, valeu cada degrau! O Campanille, literalmente todo trabalhado em mármore preto e branco, é de tirar o fôlego que ainda te resta depois da “escalada”.

Não tem como definir! São tantos detalhes, ainda hoje, acho que fiquei pouco tempo admirando!

Mas é lógico que Siena não queria apenas uma catedral maior do que a de São Pedro, em Roma, queria ser a mais bela também. Então, só para comecar, fizeram assim:

E para cada ângulo que se olhe, é uma obra de arte! O chão, as colunas, as capelas! Um deslumbre capaz de arrancar interjeições nas 5 línguas de nosso grupo!

É muito lindo mesmo! O chão é todo em mosaico de mármore, as colunas seguem o trabalho do Campanille, e a gente não sabe para onde dirigir o olhar.

E depois de tudo isso, ainda tem a pequena  Libreria Piccolomin, um tesouro dentro de outro tesouro, com afrescos de Pinturicchio. 

Pinturicchio afrescos-Libreria Piccolomini.

Bom, eu diria que o passeio até Siena já teria valido, só até aqui! Mas Siena tem muita história!

No próximo post: Você sabe o que é uma contrada? O que é Il Palio? Então não perca!

 

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