Em março 2013 conheci Berlim. Debaixo de muitos centímetros de neve, numa temperatura de -8 graus. Mesmo assim, a cidade me recebeu com carinho e entrou para a minha top lista. Berlim é intensa e fascinante. E de uma certa forma, Berlim me fez lembrar de mim mesma e de uma história que eu não entendia direito. A história de um muro que existiu durante a minha infância, adolescência… até meus quase trinta anos.
Duas guerras mundiais. Uma cidade rasgada em duas pelo muro. Um passado de separação, dor e destruição. Uma história recente que arde no coração da gente.
As cicatrizes estão escancaradamente à mostra, em fotos e memoriais espalhados pela cidade. Berlim não esquece nem esconde suas feridas. Mas Berlim cicatrizou, se reuniu, renasceu e reconstruiu uma identidade só dela. Berlim é única e múltipla ao mesmo tempo. Vítima e testemunha. Lembranças e festas. Alegre e descomplicada. Berlim é feliz!
Se com 10 centímetros de neve e muitos graus abaixo de zero, eu amei Berlim, eu tinha certeza que na primavera, a cidade seria ainda mais receptiva. E principalmente agora, nesse momento tenebroso que o Brasil está passando, com o euro batendo os R$4,50, Berlim é uma excelente opção. A cidade é barata! Tanto para se hospedar como para comer e arriscar uma comprinha. Que tal um almoço generoso com aquele canecão de cerveja por 6 euros???
Chegamos ao aeroporto Schönefeld num dia frio de primavera. Como saímos de Paris, não houve imigração. Fomos direto comprar o Berlim Welcome Card, que facilita muito a vida, principalmente porque todo o transporte público está incluso durante os dias de validade do cartão.
Como da primeira vez eu fiquei super bem impressionada pelo Meininger Hotel, foi nele que apostei essa segunda vez e gostei ainda mais. A localização é imbatível! Fica no descoladérrimo bairro de Mitte. Metrô e Tram na porta do hotel.
Oranienburger Straße, a rua do hotel, é lotada de restaurantes, e é transversal à Friedrichstraße, uma avenida movimentada, cheia de lojas e cafés. O quarto é moderno, banheiro maravilhoso, camas mega confortáveis. É minha casa em Berlim!
Do hotel dá tranquilamente para ir a pé até Unter den Linden, a avenida/boulevard onde está o Brandenburguer Tor (Portão de Brandenburgo) que fica na Pariser Platz. E foi exatamente o que fizemos. E a título de anúncio do que vem pela frente, a minha listinha top dos mustsee de Berlim.
Pariser Platz e o Portão de Brandemburgo
Memorial dos Judeus Mortos na Europa
Ainda a pé, alí pertinho está o Memorial aos Judeus Mortos da Europa. Um monumento enorme, duro e silencioso que leva à reflexão e inúmeras interpretações. É um soco.
No subsolo, fotos, nomes e histórias das vítimas do Holocausto. Sim… Berlim é inquietante.
Unter den Linden
Uma boa hora para chegar a Unter den Linden é a tempo de pegar o entardecer, no alto da plataforma em frente ao Portão de Brandemburgo (se ainda estiver por lá).
As luzes começam a se acender e o Portão de Brandemburgo se ilumina.
Momento para muitas fotos!
Reichstag
O parlamento alemão fica a 500 metros do Portão de Brandemburgo. A visita à sua cúpula de vidro e espelhos vale muito a pena mas precisa ser agendada com antecedência. Do terraço temos uma senhora vista da cidade. Falei sobre a visita aqui: Visita ao Reichstag
Friedrichstraße
Cruzando Berlim de norte a sul, Friedrichstraße é passagem obrigatória, seja para se hospedar, comer, fazer compras ou visitar os lugares históricos. Vibra no ritmo de Berlim e é elegantérrima! A estação de Friedrichstraße, além de histórica, é um ótimo lugar para refeições rápidas, compras de supermercado e outras cositas mais. É histórica porque apesar de estar em Berlim Ocidental durante a divisão da Guerra Fria, linhas leste-oeste passavam por ela. Os passageiros de Berlim Oriental podiam trocar de plataforma mas não podiam sair dela sem os devidos papéis.
Do lado de fora da estação, um pequeno e tocante monumento em homenagem ao transporte das crianças salvas do Holocausto pela Inglaterra. Muitas foram as únicas sobreviventes de sua família. Checkpoint Charlie fica no cruzamento entre Zimmerstraße e Friedrichstraße.
Checkpoint Charlie
Durante o passeio de ônibus turístico, um dos guias disse que o local era “fake”, um “pega turista”. Discordo. Claro que não é mais o único ponto do Muro de Berlim onde era permitido ao membros dos aliados atravessar do lado americano para o lado soviético. Mas com excessão dos homens vestidos de guardas que cobram para posar para uma foto de lembrança (3 euros), o entorno vale muito ser visitado.
Como a exposição ao ar livre na esquina oposta, e bem em frente, o Museu do Muro – onde é possível ver vídeos e fotos de antes, durante e depois da construção do muro e as inúmeras formas que inventavam para tentar atravessar de um lado para o outro. Na outra esquina, está o Panorama, uma instalação fantástica que permite ao espectador experimentar a sensação de ter o muro pela frente.
Panorama
Trata-se de um enorme painel em forma de rotunda, pintado por Yadegar Asisi, retratando um dia de outono de 1980, visto de Berlim Ocidental com uma riqueza absurda de detalhes. O interior é silencioso e a luminosidade oscila fazendo com que a gente se sinta diante do muro. Subindo uma plataforma é possível ver “o outro lado” sombrio e triste.
Topografia do Terror
Bem perto de Checkpoint Charlie, fica este centro de documentação onde era a sede da Gestapo. Uma exposição externa, ao lado de um pedaço restante do muro, mostra todo o marketing feito para o Nazismo. No interior mais fotos e textos mostram a ascensão, e todos os horrores praticados pelo Terceiro Reich. Para mim, foi revelador e de uma certa forma, justificou a “aceitação” do Nazismo (mas por medo, eu diria) pelo povo alemão. É pesado, perturbardor, mas necessário.
Gendarmenmarkt
Imagine uma praça desbundante de linda! Ladeada por duas igrejas, uma francesa e outra alemã, e no meio o Konzerthaus. Restaurantes e cafés espalham poltronas e sofás. Foi onde comemos um Curry Wrust inesquecível!
Alexander Platz
Não é a praça mais bonita, mas é a maior de toda a Alemanha. E tem o a Torre de Televisão e o famoso relógio mundial para serem “tikados”. Na torre só fui da primeira vez, pois na primavera a fila estava gigantesca.
Potsdamer Platz
O muro de Berlim passava bem no meio dessa praça, hoje moderníssima.
Sony Center
Parece um castelo de vidro futurista mas é ao mesmo tempo acolhedor. Cinema, restaurantes, cafés, lojas, centro de conferências, hotel e escritórios rodeiam uma grande área coberta pelo teto mega lindo e moderno.
East side Gallery
Às margens do rio Spree restou o maior pedaço do Muro de Berlim. 1300 metros. Artistas de todo o mundo deixaram suas Pinturas e grafites em 1990.
East Side Gallery
Kaiser Wilhelm Memorial Church
A igreja original foi bombardeada em 1943 e nunca foi reconstruída. Fica em Breitscheidplatz na parte Oeste de Berlim.
Passeio de barco no Rio Spree
Eu amo rios e pontes. O passeio de barco não decepciona e é uma forma de conhecer lugares onde talvez a gente não fosse e ainda de um outro ponto de vista.
Torre de Televisão
Mesmo que não dê tempo de subir ela vai te acompanhar nos passeios por Berlim.
Tiergarten
Um paraíso verde no meio da cidade. É enorme. Em pensar que durante a guerra, as árvores viraram carvão e deram lugar a um plantação de batatas e vegetais para matar a fome.
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Pois é… Visitar Berlim faz a gente pensar. E mais do que os períodos negros e cheios de sofrimento, o que salta aos olhos é a capacidade de recuperação de um povo que hoje vive numa das cidades mais bem resolvidas que já conheci, dona de uma qualidade de vida absolutamente invejável. Principalmente para nós brasileiros.
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Oi Celina!
Estou relendo sua postagem sobre Berlin! Maravilha! Chegarei em Berlin dia 11/6, espero aproveitar e gostar tanto quanto vc dessa bela e instigante cidade.
Grande abraço.
Ana Silvia Mota.
Pode apostar! Você vai amar Berlim! Boa viagem, querida!
Olá Celina, descobri seu site recentemente e estou adorando as dicas e suas viagens.
Irei a Berlim em mail/16 e gostaria de uma sugestão de quantos dias ficar na cidade,
Obrigada
Olá Marise,
Que bom que está gostando do blog! Qto ao tempo em Berlim, depende muito. Mas acredito que entre 4 ou 5 dias (principalmente se quiser conhecer Potsdam – que vale muito a pena!. Berlim merece ser visitada com calma, sem correrias para “ticar” pontos turísticos. Um abraço!
Adoro seus textos! A gente viaja juntinho! Muitas saudades de vc e de nossas viagens!
Tanta raiva desse euro…estragou nossos planos! !! 🙁
ah Ju!!! Precisamos fazer uma viagem todos juntos! P-r-e-c-i-s-a-m-o-s!
Amei e matei muitas saudades!!!! Grande viagem!!!!!
Ótimo texto!!!!!
Temos que voltar a Berlim!