A turbulenta chegada ao Mont St Michel, debaixo do maior temporal, entrou para a história, sempre acompanhada de muitas risadas. Quando enfim adentramos a cidadela, tudo o que eu queria era me secar, me aquecer e sentir o tato de volta às minhas congeladas mãozinhas. Tudo porque eu desrespeitei minha regra número 1 em se tratando de casaco para viajar no inverno: se tiver que levar apenas um, que seja um forrado, impermeável e com capuz.
Mas afinal, o que é o Mont St Michel?
Geograficamente falando, o monte é uma ilha, digamos… indecisa. Ligada ao continente ou não, tudo depende das marés, que podem variar cerca de 14 metros. Fica ao norte da Normadia, bem na boca do Rio Couesnon. Contei como chegar ao Mont St Michel neste post aqui.
Foi inicialmente uma fortaleza Gallo-Romana durante os séculos VI e VII. Mas lá pelos idos de 709 (!!!), Albert, o Arcebispo de Avranches resolveu construir uma pequena igreja no topo do então chamado Monte Tombe, e consagrá-la a St Michel (Arcanjo São Miguel).
*Somente a dita aparição de São Miguel Arcanjo para fazer alguém pensar em construir alguma coisa no alto de um monte que as vezes vira ilha naquela época! Fala a verdade!
Logo começaram as peregrinações ao Mont St Michel. E antes do ano 1000, uma comunidade de beneditinos se instalou na ilha, construindo uma abadia pré-românica. E como acontecia com todos os lugares de peregrinação, mais construções, comércio, acomodações para os peregrinos foram surgindo, transformando o monte, em uma cidadela medieval.
Como se fosse simples, construir uma abadia, toda em pedra, no topo de um monte, que ficava inacessível durante a maré alta… Mas era exatamente essa a estrutura na Idade Média. As fortalezas eram sempre construídas no alto de colina, montes etc, de onde podiam observar a movimentação ao redor. Defesa era fundamental!
Logo que se entra na cidadela, a visão de um ruinha estreita, lotada de lojinhas e letreiros de restaurantes e hotéis, indicava que poderíamos ao menos nos abrigar do temporal.
Entramos na primeira loja que além dos souvenirs, colocou estrategicamente, todo o seu estoque de guarda-chuvas, luvas e capas logo na entrada. Devem ter faturado tanto, que fecharam logo depois. Assim que eu comprei todo os ítens, e saímos da loja, um lindo céu azul se abriu. E eu, estava vários euros mais pobre, usando luvas 3 vezes o tamanho da minha mão, com um pesado poncho impermeável.
A partir daí, poucos metros da entrada, a ruinha se transforma numa subidinha… E aquela sensação de viagem a um tempo distante, começa a tomar conta de você. Tentamos nos aquecer entrando num restaurante, sentamos ao lado da lareira e imediatamente fomos informadas que o lugar ainda não estava “aberto” para almoço. Como assim, almoço? A gente só queria um conhaque!
OK, nosso objetivo era conhecer a abadia. A Abadia de St Michel. Mas no caminho, é tanto para ver e se deslumbrar. Esqueci totalmente do frio… Um passeio pelas muralhas, faz a gente achar tudo isso em cima da ilha, mais impossível ainda.
E de repente uma visão: a maré, a areia, o mar
Imaginar isso tudo sendo construído, sob frio, vento, sol… Literalmente ao sabor das marés… Na época, não tinha estrada asfaltada não! Era areia molhada mesmo!
Cercado por todo esse areal, na maré baixa, ou pelo mar, na maré alta, a posição geográfica do monte era perfeita. Visão de todos os ângulos. E como em toda a fortaleza, pontos estratégicos de observação nas muralhas, eram vitais para antever qualquer possibilidade de invasão. Hoje, são mirantes que proporcionam vistas inesquecíveis.
Em qualquer direção que se olhe…
E a gente vai ficando sem fôlego. Pelo visual, e pela subida que parece nunca mais acabar.
Não subestime a subida. A foto não mostra nem a altura, nem a quantidade de degraus para chegar à abadia.
Mas tudo que posso dizer é que vale a pena subir cada um deles. Se conseguimos subir? Choveu mais? Sim e sim! Mas lá em cima, é quase um milagre particular! Conto no próximo post.
Todos os posts sobre a visita ao Mont St Michel aqui
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Olá,
Que site legal, que viagem maravilhosa! Suas explicações são bem cuidadosas e não resisti em abusar (risos). Irei à França com meu marido em abril e estamos na expectativa de fazer o passeio a Saint Michel, porém para passarmos a noite lá. Vi que para sair de Paris, gasta-se uma manhã na viagem, portanto, gostaria de ir na noite anterior e amanhecer por lá. Você acha que é melhor, quer dizer, por causa da maré?
Outra coisa, você não mencionou se a entrada na cidade ou na abadia são pagas. Pode informar se podemos comprar a entrada com antecedência e qual a média de valor?
Agradeço muito desde já. Abraços
Olá Sheila,
Que bom que gostou do blog. Para saber mais sobre a Abadia: http://www.maladerodinhaenecessaire.com/mont-st-michel-abadia/#sthash.3SkTatr0.dpbs
E aqui o guia resumido da visita ao monte: http://www.maladerodinhaenecessaire.com/mont-st-michel-abadia/#sthash.3SkTatr0.dpbs
Nos posts tem um link para a tábua das marés. Até onde eu sei, a entrada para a Abadia é comprada lá a não se que você vá de passeio guiado.
Abços
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Muito lindo! Imagino o sufoco com a chuva e o frio, mas a beleza do lugar compensa tudo. Ansiosa pelo próximo post, com sua “aventura medieval”. Bjs
Na realidade, sufoco mesmo foi a chegada. Depois, só deslumbramento Gina!
Querida, também adorei o Mont StMichel. E aconteceu uma coisa muito particular na saída. Você deve se lembrar que a visita (como todas) acaba desembocando numa lojinha de souvenirs. Pois é… eu ia passando batido por ela e,quase na saída, parei. Vou levar um chaveirinho com a figura do Monte. Afinal, fora uma visita fora de descrições linguisticas.
Aproximei-me do balcão e vi um medalhão-chaveiro. Tinha prateado e dourado. Estendi minha mão para o prateado. Quando já o tinha nas mãos, um impulso “quase independente” de minha vontade me fez trocar e, embora eu não use muitas coisas douradas, levei o dito cujo.
Cheguei feliz ao hotel e fui abrir o chaveiro para olhar melhor. Ao virá-lo, me deparei, nada mais, nada menos com a figura de Saint Michel em pessoa, com sua espada de fogo e tudo. Então, não sem razão, tinha mesmo de ser o dourado.
Tenho o chaveiro até hoje, nas chaves do carro e sempre me lembro dessa história e, claro, da visita ao Monte!
Adorei ler seu post e estou ansiosa pelo resto. Texto e fotos lindíssimos!!!
beijos saudosos!
Eu acho que foi a mágica do lugar, Eulália. bjokas
Que saudade dessa aventura!
Ah!! Eu também! E tem mais, muito mais né???