Pois é….Cá estou eu no sofá da sala. Na televisão, algo sobre Nova York me lembrou do início das minhas aventuras. Eu sempre quis viajar, mas quando eu era novinha, minha mãe não era lá muito chegada a viagens, e sendo filha única, o mesmo valia para mim. Além de simplesmente não caber no orçamento. Viajar, para o exterior, era impensável. Lembro de uma época em que o dólar era mais de cinco vezes a nossa moeda, que mudou tanto de nome, que nem me lembro mais como se chamava neste momento.
A primeira vez que eu senti que podia me aventurar, foi aos 36 aninhos, em 96, quando o Real estava bombando, o dólar valendo menos de um real, meus filhotes já grandinhos e meu atelier explodindo de alunas. Uma amiga deu a idéia de irmos para Nova York, que até então, para mim, era em outro planeta. Foram seis meses, viajando na viagem…Isso mesmo, 6 meses esperando e sonhando com um semaninha em Nova York.
Foi nesta viagem que fiquei completamente viciada, nesse frio na barriga, nessa insana excitação que se apossa de mim quando tenho uma viagem pela frente. E também aprendi que viajar “on a budget” pode ser super legal. A gente fica mais criativa, além disso, se permite fazer o que mais gosto: respirar a cidade.
Largamos as malas e já tinha passeio. Como era a minha primeira vez, e nessa época eu mal sabia o que era internet, achei ótimo ser um pacote. Tínhamos dias livres mas também tínhamos apoio.
Meu Deus!!! além da minha magreza, as Torres Gêmeas! Coisas que não voltam mais…
Numa de nossas primeiras saídas, entramos numa DElli, lojas que vendem de tudo para comer,e lógico, sapequei uma cerveja tamanho gigante. Quando fomos pagar, a moça da caixa ensacou a cerveja, e eu, retirei o saco imediatamente, e para completar, dei uma golada daquelas bem brasileiras na beira da praia, enquanto pagava. Bem que eu notei uma cara de espanto na mocinha, mas nem tchum. Não satisfeita, fiz poses, caras e bocas, para fotos, heheheh!
E saímos lindas, tomando cerveja em plena 6th avenue!!!! O que a gente não tinha a menor idéia, é que é, ou era, acredito que ainda seja, PROIBIDO, aparecer a bebida. Qualquer tipo de bebida. E euzinha, dando uma de Búzios, me achando! Lógico que apareceu um guardinha, e veio direto em mim. Como assim??? What is the problem??? Não fosse a boa vontade do guarda, eu, 36 anos, mãe de dois filhos, teria sido presa logo no primeiro dia em NY!!! Pode???
É lógico que num único post não dá para contar essa semana inteira, ainda mais, porque nossa idade mental não passava de 12 anos e meio. Passamos muita coisa engraçada, incluindo um enorme hematoma no meu pé, por causa de um REEBOCK que eu comprei, andei o dia inteiro com ele, e quando chegamos no hotel eu mal conseguia respirar de tanta dor. Era uma bolha tamanho gigante por causa da palmilha super alta no arco do pé. Doia tanto que eu achei que ia melar o resto da viagem. Mas a banheira maravilhosa do hotel e um escalda pé, tipo fervendo deram conta e ainda saí de noite para ver a Bela e a Fera.
Para se ter uma idéia da farra, no primeiro dia, tínhamos combinado de conhecer o Central Park. Pois só chegamos nele, no sábado seguinte.
Nosso guia gatinho, nos garantiu que NY era totalmente segura, até a beira do Harlem. Então, era um grande parque de diversões. Mas tínhamos pressa. Queríamos ver o pontos turísticos obrigatórios.
Mas o que acontece numa viagem dessas em que se tem pouco tempo, é que entrar num museu é enlouquecedor, é tanta coisa que se quer ver, e eu gosto de tempo para degustar. Lembro meu desespero no Guggenheim, onde eu sabia, havia uma boa coleção dos impressionistas. Eu nunca tinha visto um quadro do VanGogh! Quando chegamos lá, penei para achar os quadros que eu queria ver. Surtei ao encontrar MONTAGNES DE SAINT REMY! A impressão é que ele tinha acabado de pintar, tamanho o vigor das pinceladas. Estava rolando uma esposição de arte africana em todos os andares.
O guggenheim ´de NY é um predio em espiral; começamos a ver a tal exposição…muitas esculturas em madeira, na maioria, homens nus. No segundo andar, virei para minha amiga e disparei: – Chega! Que viu um pirú viu todos, em NY não dá para perder tanto tempo com pirús!!!! É lógicoque tinha um brasileiro atrás de mim, que passou mal de rir…E eu saí em disparada rumo à saída.
Depois da emoção do Empire State, que na época bombava em filmes românticos, fomos ao Rock Hard Café, onde conhecemos dois brasileiros ( tropeça- se em brasileiros no mundo inteiro!) e com eles fomos ao Village, num bar meio Rock Horror, onde os garçons usavam roupas ensanguentadas e a cerveja era sevidas em tulipas enormes!
Foram 8 dias de total deslumbramento.
Um ponto alto e histórico foi quando subimos os 107 andares de uma das Torres, no observatório; a tarde estava deslumbrante e pude sentir a cidade vibrando lá embaixo.
Mal sabia que esta foto jamais poderia ser tirada do mesmo lugar alguns anos depois. As datas nas fotos estão erradas, pois eu comprei uma câmera e nem me toquei de mudar a data.
Fazíamos como os Novayorkinos. Na hora do almoço, compra-se uma refeição numa delli e senta-se em qualquer lugar, normalmente as escadarias em frente aos escritórios.
Já faz tempo…11 anos já se passaram desde a última vez que estive na Big Apple, e confesso que os ataques de 11 de setembro me brocharam a vontade de voltar.
Esta semana em Nova York, entrou para a minha caixinha de jóias mental. Voltei a NY três anos depois, me sentindo totalmente local, mas tenho que achar as fotos (tenho uma mala de fotos de papel) e fica para um outro post.