Chegada
Aterrissar em Berlim depois de todo stress de Paris (que será descrito em outro post, pois é de utilidade pública) foi ao mesmo tempo prêmio e desafio. Temperatura local: -8 às 11 da manhã. E mesmo tendo visto e revisto as previsões de tempo no aplicativo do celular eu mal podia acreditar na quantidade de neve, em pleno março quando normalmente a primavera já deu as caras por aqui.
Desembarquei em Shönefeld, o aeroporto mais distante do centro de Berlim, onde a tanto a Easyjet quanto a GermanWings mantem uma base. Imigração tranquila, acompanhada de um sorriso alemão. No saguão, vi o centro de informações turísticas (logo à direita de quem sai) onde imediatamente se formou uma fila – acho que quase todos os passageiros do meu vôo estavam naquele amontoado de gente. Do lado de fora, constatei que naquele domingo de neve, havia mais turistas do que táxis. Voltei ao balcão de informações e em dois segundos a atendente me explicou como, qual e aonde pegar o trem e em que estação saltar para chegar ao meu hotel. Comprei o Berlin WelcomeCard e não me preocupei mais em comprar bilhetes para o transporte público. Era só validar o bilhete e entrar no trem. Confesso que estava tensa. Alemão não é o meu forte. Ao chegar à estação de destino, a visão da Friederichstrasse, fez correr um certo arrepio no meu turístico ser. Cadê todo mundo?
Depois de arrastar a mala de rodinha por toda uma avenida com “pás de neve” caindo e ainda sem saber se conseguiria fazer check in no hotel (a reserva estava em nome dos meus amigos que acabaram não indo), cheguei à rua do Meininger Hostel, que segundo meus guias de Berlim, era animada e “cheia de vida”, lotada de restaurantes e bares descolados! Aham… Somente essa blogueira que vos fala, ousava andar pelas ruas naquele momento. Se estava frio? Sim, mas eu estava bem agasalhada, adoro frio e só quando meus pés começaram a não receber mais ordens do meu cérebro é que concordei com a temperatura estampada no celular (-6), que aliás, mesmo sem internet, me ajudou a pegar a direção certa para o meu destino. Santo GPS!
Primeiros contatos com Berlim
O bicho turista que habita meu corpicho é inquieto! Qualquer ser normal estaria embaixo das cobertas ou decidiria descansar um pouco, já que eu tinha acordado às cinco da manhã. Um certo desamparo me abateu quando a recepcionista do hotel disse que seria impossível comprar um chip pré-pago para o smartphone. Internet móvel é minha babá quando viajo. Domingo + Berlim = tudo fechado! Nenhum shopping, nenhuma off-license, nadinha! A não ser cafés e restaurantes, o comércio descansa no sétimo dia. Decidi pegar meu bilhete que dava direito a todo e qualquer transporte e depois de me perder em algumas estações consegui chegar ao Brandenburg Tor – o símbolo de Berlim. O Portão de Brandemburgo… E neve, muita neve!
Momentos como esse, são o troféu do viajante. A emoção de ver pela primeira vez, com seus próprios olhos, um símbolo que morava nas fotos, nos guias turísticos, nos documentários… Vendo as luzes se acenderem, a emoção tomou conta de mim! Eu estava em Berlim! Uma cidade que transborda história. Uma história da qual fui testemunha, através dos jornais, de documentários, da televisão… Eu tinha um certo medo de Berlim…
…durante toda a minha juventude até meus trinta anos, quando caiu o Muro. E o muro, eu lembrava, ficava bem em frente ao Portão de Brandemburgo. Agora eu estava in loco. É por isso que eu amo viajar!!!
Locomoção com emoção
Berlim tem um sistema de transporte público invejável. E… um tanto complexo. Vou descrever com calma em outros posts. Para o turista que chega sem ter pesquisado nadinha, pode ser um pouco confuso à primeira vista, Mas como eu adoro me aventurar e acho que usando ônibus, metrô, trams etc, é que a gente experimenta um pouco da vida local, não desanimei quando me perdi (bem perdida, aliás) logo na segunda viagem. A primeira foi do aeroporto para o hotel. A segunda, seria do hotel para Alexanderplatz, mas acabei na estação de Wannsee… O bairro mais a oeste de Berlim. Leia-se afastado do centro e com cara de campo, com direito a floresta coberta de neve. -Putz! onde é que eu vim parar???
Tudo porque eu achei que era igual ao metrô: um vai o outro volta. Não é bem assim. Nas estações há várias plataformas (é aí que a gente se enrola no início) e em cada uma delas passam vários trens que segundo suas linhas e número, tem uma estação final e passam por várias estações que aparecem num luninoso. É parecido com o metrô, mas não segue a “mesma lógica”. Mas antes de sair, tomei o cuidado de escrever o nome da rua e do hotel em que eu estava hospedada, das estações mais próximas, e ai com um pouco de mímica (e um sorriso), consegui perguntar qual trem deveria tomar para voltar apontando para nome escrito (em letras garrafais). Mesmo que as pessoas tenham me respondido em bom alemão, um dedo indicador é quase universal. Voltei. Simples assim. No final do segundo dia, já estava íntima : S1, S2 S7 etc.
Berlim, a história que doeu no mundo diante dos seus olhos
Quase precisei de um ansiolítico quando sai da estação Ostbahnhof e ao longe vislumbrei os 1,3 kms do muro, o maior “pedaço’ que resttou do Muro de Berlim. East Side Gallery, não é simplesmente um ponto turístico, embora eu tenha visto gente literalmente chegar, tirar uma foto e atravessar a rua para a próxima atração. É um local com uma energia dura. E está ameaçado de desaparecer em prol de luxuosos apartamentos, com vista para o rio. O muro e todos os locais de Berlim relativos a ele, são uma aula de história, que vai penetrando e doendo dentro da gente. Não é uma Torre Eiffel. Há ainda o Memorial do Holocausto e a Topografia do Terror, uma exposição que (tenta) explica, mostra, escancara os horrores do Nazismo.
As exposições que ficam perto desses locais, nos levam a um momento recente de um absoluto absurdo que a raça “humana” é capaz de fazer e deixar acontecer. E ainda hoje estamos vendo essas atrocidades pelo mundo. Imagine-se no futuro, visitando o local dos massacres na Siria…
A Berlim que pulsa
Uma Berlim moderna e linda! Passear pelo Sony Center, andar pelo Tiergarten, entrar num pub, e mesmo que não se queira comprar absolutamente nada, entrar e sair de lojas em Alexanderplatz. Mesmo com tempo contado, em Berlim a gente acaba passando várias vezes por essas estações e suas respectivas “platz”. Não há como não se maravilhar com o contraste entre os sentimentos que tomam conta da gente. Berlim é o tempo todo um tanto de emoção.
Um rio em Berlim
Quando um enorme e descarado dia de sol se abriu, embora a temperatura ainda não acompanhasse o astro-rei, um passeio de barco era o meu maior desejo.
Sou particularmente apaixonada por rios. Especialmente os que cortam cidades e dão “motivo” para pontes e história. O Rio Spree não decepciona, mas o barco era uma sauna! Sabe aquele desejo incontrolável que um passeio maravilhoso acabe o mais rápido possível? Passear pelas margens no entanto, tem sempre um detalhe que vale a pena.
O Duomo de Berlim e a Ilha dos Museus
Esse é meu calcanhar de Aquiles quando tenho apenas alguns dias na cidade. Se eu entrar num museu, não saio mais. Então ou escolho um ou simplesmente abstraio e coloco em uma longa e extensa lista de lugares para voltar em slow motion intitulada: A viagem dos museus.
Apesar de tentar um foto-resumo, acabo de perceber que ainda falta grande parte. Eu bem que tento, mas resumir… não tenho esse dom. Tem muito mais Berlim…
E se você já foi a Berlim diga aí o que mais te marcou. Eu ainda estou “processando” Berlim e preciso de ajuda para iniciar os próximos posts!
Oi, Celina. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem. Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia Paulista
uaaaau!!! Sempre uma super honra estar na Viajosfera, Natalie! mega feliz!
Minha querida dá para sentir daqui a energia lendo seu “resumo” de Berlim. É inaceitável o que a raça humana fez e faz até hoje. Tomara que eles não derrubem a história em nome do progresso. Ainda me lembro do dia que vi na TV o muro sendo derrubado, era criança não entendia direito o motivo de um muro dividindo uma cidade mas a imagem ficou gravada na minha memória.
Vc é muito corajosa de se aventurar do lado de fora nesse frio, aqui ainda temos neve (ontem mesmo caiu um tanto) e fico desanimada toda vez que tenho que sair de casa. Bjs
Oi Livi! Eu acho que a serotonina de viagem me faz achar que temperaturas negativas me fazem mais andarilha ainda! Quarto de hotel ‘e para dormir, ainda mais com uma cidade inteirinha me esperando l’a fora!!
Querida, estive em Berlim ainda no tempo do muro… e… visitei o outro lado. Não posso dizer o que mais me imipressionou. Eu fiquei deslumbrada com a cidade. Com toda a cidade! É simplesmente linda e o contraste, na época, com o outro lado era avassalador. Duas culturas completamente diferentes… Tenho muita contade de voltar para poder ver o Portal por todos os ângulos sem ter de passar de um lado para outro com licença especial de um dia… passsagem pela migração…um horror.
E… é verdade… tem tantos museus que a gente se perde… e são fantásticos.
Mas você é muito corajosa… eu fui em pleno verão e estava fresquinho…
Adoro seus posts… aguardo ansiosa pelo resto de Berlim!!!
Eulália querida, eu nem consigo imaginar como deve ter sido sua visita à cidade ainda dividida! Corajosa, me desculpe, mas foi você! eu acho que não teria coragem de passar para o outro lado naquela época. Não depois de tudo que eu vi nas exposições. bjokas com saudade!
Cel, adoro seu jeito “resumido” de ser! Estava com saudade de vc e dos seus textos! Bj
Eliana querida, não há como resumir Berlim. Agora estou de volta e vem muitos posts por aí! bjs