Com um cenário desses a última coisa que alguém gostaria de fazer é ter que ir ao “território nacional” em Paris. Imagina a gente nessa cidade com coisa para fazer 365 dias por ano, e os únicos 4 que você tem, visitar escritório e garagem de ônibus, posto de polícia e… o Consulat Général du Brésil… Pois até passar um perrengue (por amizade, que seja) é melhor em Paris…
Finalizando a saga da perda dos passaportes, meus amigos teriam que chegar ao Consulado Brasileiro com todas as cópias de todos os “documentos” exigidos até o meio dia de sexta-feira. No final do último post, eu disse que cometemos um erro ao ir passear depois que Rafael se certificou que havia recebido tudo o que precisava por email. Passear em Paris, um erro? Por quê? Simplesmente porque eles precisavam de todas as cópias impressas para apresentar no consulado e ainda as cópias das passagens e reservas de hotéis, para comprovar que eles ainda iam para outros países. Caso eles fossem voltar de Paris direto para o Brasil, o consulado emitiria apenas uma autorização de viagem. E mais, precisavam preencher o requerimento de passaporte on-line. Havíamos visto uma lan house perto do hotel e nos certificamos da hora de abertura, 10 horas da manhã.
O problema é que Paris “acorda tarde”. O comércio em geral abre por volta das 10 horas e dependendo do comércio, abre mesmo é a hora que o dono quiser. Conclusão: 10:40 e nada da lan-house abrir!!! E o pior: não tínhamos a menor idéia de onde encontrar outra. Por fim, lan house aberta, fomos os três e Miguel (alheio a qualquer stress, sorria, dormia e acordava sorrindo de novo), tentar agilizar a impressão daquela tonelada de papéis, quando eles se depararam com o Formulário on line!!! Aquilo era gigantesco! Perguntas tipo, qual cor de baton sua avó costumava usar… Uma hora para resolver tudo e eles lá, empacados no subsolo de uma lanhouse…
Enquanto eu passeava com Miguel pela calçada, eles se degladiavam com todos os dados exigidos e quando finalmente saíram, tínhamos 20 minutos para chegar ao consulado, sendo 16 dentro do metrô. Não preciso dizer que foi um stress terrível, desses que a gente só vê em filme e fica toda tensa na cadeira. Depois de alguns percalços entramos no consulado, faltando pouco para o meio-dia!
Crentes que a pior parte já tinha passado, eles receberam as senhas, e Juliana voltou ao balcão para perguntar se ela teria preferência uma vez que estava com um enorme carrinho e com um bebê dentro dele. Pois a senha preferencial e nada foi exatamente a mesma coisa. O número deles chegou antes da senha preferencial. Quando enfim Rafael foi atendido, entregou toda a papelada que era praticamente um dossiê digno de CPI, veio a primeira pergunta:
– Cadê as fotos?
– Como assim, que fotos? Não nos disseram para trazer fotos! Para que serve aquela câmera ali naquele guichê? O senhor se retirou para um recinto longe de nosso campo de visão. E voltou com a reposta que provavelmente todos que procuram um atendimento médico de urgência no “SUS” recebem no Brasil:
-Está quebrada.
Tarefa 4 – tirar fotos dos três na máquina automática em alguma estação de metrô.
Novas intruções: ir até a estação de metrô mais próxima e tirar fotos no Photomaton, e não esquecer que a foto do bebê tinha que ser “sem ninguém”, de frente e com fundo branco. Até agora não sei como eles conseguiram colocar Miguel no banquinho da máquina, que obviamente não dá altura para um bebê. E lá se foram os três num dia chuvoso e frio, tirar fotos, enquanto eu ficava de plantão cuidando da papelada para garantir que seriam atendidos na volta. É mole??? Daí eu dizer no primeiro post sobre o acontecido, que se você quiser ser bem prevenido, além da cópia dos seus documentos é bom levar uma foto para passaporte para garantir. Imaginem se isso acontece com apenas um dia para resolver tudo?
Nessa altura eu já estava com sintomas de overdose de café. Era só o que havia para me distrair. Litros de café a 1,20 euros cada xícara. Estabeleci uma relação de amizade com aquela máquina de café. Na terceira xícara, ela já sabia a minha preferência.
Totalmente “ligada”, ouvi duas moças dizendo que estava tudo calmo, e imediatamente perguntei se de posse de toda a papelada, elas não podiam adiantar e ir preenchendo tudo (tem que ser tudo transcrito para o programa de computador), afinal eram três passaportes, incluindo o de um bebê. E aí é que eu vi a solidariedade do brasileiro. Prontamente ela pegou a massaroca de papel das minhas mãos e foi digitando tudo, enquanto conversámos. Ou seja, essa confusão toda, não é culpa de quem trabalha. É de quem resolve como se deve trabalhar. O pessoal que fica lá nos gabinetes e “afins”.
Quase cinquenta minutos depois de ter que procurar troco para a tal máquina de fotos da estação de metrô, fazer malabarismos dignos de Intrépida Trupe para conseguir uma foto aceitável de Miguel, e tirar fotos deles mesmos, a coisa toda estava ligeiramente adiantada quando eles voltaram ao consulado, muitos euros mais pobres (15 cada tirinha de foto, sendo que para o bebê foram várias tentativas).
Depois de mais um hora, os três saíram com seus passaportes nas mãos. Infelizmente a validade é bem menor do que o obtido no Brasil. Num “esforço de reportagem” a moça que os atendeu conseguiu dois anos, sendo que normalmente é de seis meses.
Felizmente isso aconteceu em Paris! Cidade e idiomas conhecidos… Não gosto nem de pensar se fosse numa cidade menor… sem falar o idioma! Fiquei imaginando como contar toda a novela por exemplo em Budapeste…
Recapitulando, para tirar um novo passaporte para substituir um roubado ou perdido você vai precisar :
– boletim de ocorrência atestando a perda ou roubo do passaporte – posto de polícia local
– a cópia impressa do passaporte perdido ou roubado (e dos outros documentos de identificação que ajudam)
– uma foto para passaporte
– cópia das passagens de avião, trem ou ônibus comprovando que você vai para outro país antes de voltar ao Brasil
– comprovante do pagamento da taxa para emissão de passaporte (facada!)
– formulário de requerimento de passaporte (preenchido online, no site do consulado, o que exige além de concentração, tempo e paciência)
Então, não custa nada na sua próxima viagem, incluir um “Kit passaporte”. Pode ser que haja pouquíssimo tempo para conseguir o novo e você já tem quase tudo nas mãos.
🙂
E você tem mais alguma dica? Passou algum perrengue parecido?
Veja os “primeiros capítulos” aqui e aqui.
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Oi Celina! Estou na França, perdi meu passaporte e agora irei a Paris resolver.. seu blog me ajudou muito.. apenas uma dúvida: no site diz que é preciso levar os documentos originais ou cópia autenticada em cartorio.. seus amigos levaram cópia autenticada? Estou preocupada porque não tenho como conseguir isso… Bjss
Oi Tatiane,
que bom que o blog ajudou. E não, meus amigos só levaram cópias que a mãe do Rafael enviou pelo email e eles aceitaram. Mas é meio bagunçado. Pelo que vi no dia, o fato de eles terem uma viagem marcada para outro país da Europa daí a dois dias caracterizou uma emergência.
Boa sorte.
Cel, pensei que eles tivessem ido direto de Paris para o Brasil. No final, vcs acabaram seguindo destinos diferentes, que pena! Cel, de qquer forma, todo esse perrengue descrito com essa riqueza de detalhes, servirá para prevenir muito viajante. Obrigada por compartilhar!
Oi Eliana! foi exatamente o que eu pensei. Aliás eu pensei foi um monte de coisas!Imagine se é um casal que simplesmente não tem email, nem idéia do que é on line! Se por acaso além dos passaportes perderam tudo, inclusive dinheiro para se virar! Se com tudo a favor já foi esse perrengue, imagina numa situação com tudo contra! Por isso quis fazer esse alerta. Eu mesma, agora vou ter sempre uma foto de passaporte por via das dúviadas além de todas as cópias. Depois dessa serei mais prevenida ainda!bjs
Querida,
Seu blog é uma jóia preciosa!!!!!!!!!!!!!!!!!
Suuuper obrigada querida!
Deu vontade de chorar aqui… mas e depois? eles nem viajaram???
Eles viajaram direto para Amsterdam, de onde partia o vöo deles de volta para o Brasil.
Uma pena, devem ter perdido a animação né…
Tomara que tenham aproveitado amsterdam pelo menos…
Ainda bem que conseguiram, pena que depois desse rombo no orçamento o passaporte ainda vem com a validade menor. Muita sorte encontrar pessoas com boa vontade para ajudar no consulado.
Mas e depois desse perrengue todo acabaram não indo para Berlin com você?
Pois é … não foram…