Ontem acordei e como sempre fui fazer meu café. Olhei pela janela da cozinha e, em êxtase vi que estava NEVANDO !!! é o que chamam light snow, porque quando a neve cai no chão derrete. Mas é lindo anyway. Nos embrulhamos em camadas de roupas e saímos. No caminho para o ponto de ônibus, a coisa começou a apertar.
Nosso destino era Southwark Cathedral, é uma capela que virou, pequena e aconchegante, que visitei o ano passado às vésperas de voltarmos. Sou louca por catedrais. Tenho um pé na idade média. Mas faz pouco tempo que compreendi que para ser uma catedral não precisa ser enorme, basta que tenha uma cátedra, que vem a ser a cadeira do bispo. Mas essa em especial se tornou uma das mais queridas. Inicialmente um priorado, construída pelos Normandos, dedicada a St Mary ficou conhecida como St Mary Over the River, que virou St Mary Overie. Ela fica ao lado da estação de metro London Bridge, mas por um acaso maluco, nos perdemos andando sob uma mistura de chuva, vento e neve. Fomos, as duas louquinhas, parar perto de Tate Modern, num dia em que até os peixes do Thames estavam batendo queixo. Paramos para restabelecer energias com capuccinos e um delicioso wrap, que degustamos, óbvio, do lado de fora.
Acabada a refeição, nos localizamos, com a ajuda de algumas placas e, partimos para a missão. Não era exatamente uma promessa, mas eu queria muito ir à catedral.
Continuamos meio perdidas até que demos de cara com o Bourough Marcket, cuja a história está ligada à London Bridge, a única ponte sobre o Rio Tamisa até o século 18, e portanto, a única ligação de Londres e o sul da Inglaterra, com a Europa continental e seus produtos.
Considerando que saímos de casa por volta do meio dia, já estávamos andando a 4 horas e eu ainda não tinha chegado à Southwark Cathedral. Mas estávamos perto. Depois de virar a esquina, uma esquina de uma ruela estreita, lá estava ela!
Quando entramos eu estava em estado de graça e para completar, um coro de meninos ensaiava no altar, cântigos de Natal. Um senhorinha, com panfletos na mão veio em nossa direção, perguntando qual era a nossa língua para nos entregar a história da catedral. Essas senhorinhas, na sua maioria, cor-de-rosa, fazem parte dos Amigos ou Ajudantes da Capela. Cuidam, recebem e orientam os visitantes e são simplesmente uma gracinha. Depois desse momento totalmente emoção, tive outro. Fomos na lojinha da Igreja, comprei um chaveiro e meu segundo anjinho. No caixa, duas senhorinhas, uma delas beeeem senhorinha, com óculos grandes, mãos magrinhas, articulações dos dedos daquele jeito bem vovó… As duas tentavam se entender com aquela máquina estranha – o computador – Uma demora inevitável entra a escolha das lembranças e o pagamento. Mas eu nem liguei, ao contrário, tive ímpetos de pular o balcão e abraçar a senhorinha.
Cumprida esta tarefa, tínhamos que comprar nossas passagens para York. Vamos de ônibus, mas tinham nos garantido que vendiam em Kings Cross, estação de trens que partem para toda a Inglaterra, ao lado de St Pancras. estação de trens internacionais, como o Eurostar. Lógico que não vende passagens de ônibus na estação de trem, mas mais uma vez eu nem liguei. Um outro coral se apresentava na estação e deixamos o recinto ao som de We Wish You a Merry Christmas and Haappy New Year! lálálá lálá.
Metro lotadaço, em pleno rush londrino pré natal. Eu fui entrada no vagão pela multidão e acho que meus pezinhos nem tocaram o chão. 2 estações, Victoria Station, literalmente a mais apinhada de gente da face da terra. Andamos até Victoria Coach, compramos as passagens e para a surpresa (e desespero) de Carol, eu ainda tava afim de ir a Oxford Street comprar o tripé maleável para minha câmera, pois com ele, podemos tirar fotos de nós tres juntos. Simplesmente não posso mais viver sem isso!!!
Saímos na Oxford Circus, eternamente congestionada, mas neste período é especialmente entupida de gente. Atravessamos o tal cruzamento japones, que é mega engraçado, porque as pessoas ficam dançando para não se baterem de frente e enfim, chegamos à loja.
É lógico que o que a gente quer, está sempre no último andar. No caso da John Lewis, no 6 andar. Graças a Deus o mais vazio. Achamos o tripod rapidinho saimos e eu completamente surtada, ainda quiz passar na Primark para dar uma checada se tinha um casaco de nylon, que não deixa passar chuva, nem frio, nem neve, do meu tamanho, já que na véspera, tinha ficado com isso no meu cérebro. Vimos casacos semelhantes, mais curtos, mais ou menos peludos e muito mais caros. Então eu queria aquele. Essa loja é uma mistura de C&A com Leader, só que com preços ridículos. No meio de uma arara, com uns cinquenta casacos achei o único do meu tamanho. Pronto! felicidade total. Não fosse algo incomodando no meu calcanhar, iria inventar mais alguma coisa para fazer. Mas ao chegar no ponto do Ônibus, pânico total! Eu simplesmente não podia tocar no meu calcanhar. Bom, daí por diante, foi pura mentalização. Eu vou conseguir chegar em casa!! Mas…ainda passamos no Tesco e euzinha quase pedi para ser levada para casa num dos carrinhos.
Chegamos em casa e ao tirar a bota (nova, daquelas que tem pelúcia dentro) descobri que o solado da dita cuja, é praticamente um engradado, formado por losangos de um material duro. 8 horas de caminhada+ bota nova? um calombo no calcanhar… Mas nada como uma caminha quentinha um pouco de juizo e um dia em casa para renovar as energias. Amanhã tem mais.