Juro que estou tentando… ativei meu treinamento budista, meu pensamento positivo, meu humor “Pollyanna” (sempre vendo o lado bom), até mesmo minha fé sem limites. Infelizmente, trinta e cinco graus positivos, aqui no sofá da sala da minha casa, derreteram todas as forças que acordaram ao meu lado. Enquanto isso, vendo os jornais, uma nevasca cobre de branco a cidade que acabei de deixar. Pura injustiça!!! Não tenho forças para guardar meus casacos, meias, luvas e cachecóis. Estão espalhados indecentemente pelo meu quarto. Coloquei o termômetro na geladeira: 10 gruas! Muito quente! ainda assim, gostaria de ser o queijo que meu amigo Michel trouxe de Paris. Ele, meu amigo e ele, o queijo, ainda estão tentando sobreviver ou se adaptar. Michel encarou a dura realidade e adotou uma toalha de rosto como companheira inseparável. Ensopado, me olha de lado como quem diz: bem que você me avisou! Em outubro ele esteve aqui e saltitava feliz enquanto eu já derretia. Em pleno fevereiro, não saltita mais e suas camisas, tem sempre três tons: ensopado molhado e úmido. Um luxo!
Estamos entrando num estado vegetativo. Minhas cachorrinhas, abanam meio rabinho. Olham para mim e eu para elas. Nós todos estamos meio boquiabertos, os olhares vagos, frases pouco claras, algumas interjeições deslocadas. Todo e qualquer raciocínio, sofre interferências radicais. O netbook que comprei em Londres, apita de vez em quando e decidi não ligá-lo até que a temperatura atinja um nível suportável ou que ele, o netbook, tenha a mais vaga noção do que está acontecendo.
Acho que vou fazer o mesmo comigo. Pelo menos até à noite, quando devemos nos deliciar com : 30 graus…Uma fresca daquelas!