Saint-Denis era antes uma cidade e é hoje, um subúrbio ao norte de Paris, onde há uma enorme concentração de imigrantes. Chegar à St Denis num domingo é uma experiência. Um enorme mercado, onde se vende praticamente de tudo, ocupa um grande espaço entre a estação e a basílica. Passear por entre as bancas, faz com que você se sinta em outros países.
Como ir de Paris à Saint-Denis?
É simples, mas pode ter uma pegadinha. Tem que prestar atenção na direção, pois há uma bifurcação nessa linha. Basta pegar o trem da linha 13 do metro de Paris na direção – St Denis -Université e saltar na estação Basilique de Saint-Denis. Daí é só seguir as placas, é muito pertinho.
Se for terça, sexta ou domingo, dias em que funciona o mercado, vai passar por entre inúmeras barracas e muita gente até dar de cara com ela: A Basilique Cathédrale de Saint-Denis.
Confesso que a primeira impressão foi um tanto decepcionante. Até porque uma parte da fachada estava encoberta por causa dos trabalhos de restauração. E a torre que foi desmontada em 1846 depois de desestabilizada por inúmeros tornados, faz mesmo muita falta.
Quando fomos, estava havendo uma mobilização pela reconstrução da torre amputada. Sinceramente, por um lado, torço para dar certo e por outro, acho que ela tem um charme especial do jeito que está.
Para quem já conheceu várias catedrais e basílicas góticas, essa construção pode até parecer simples. Mas não se iluda. Essa construção foi determinante e seu interior se encarrega de surpreender.
Basilique St Denis – interior
A Basilique de Saint-Denis foi, por assim dizer, “o filme que deu origem à série”. Pense no século XII. Até então, as igrejas eram construídas no estilo românico. Eram massivas, as paredes espessas, as janelas pequenas e por isso mesmo eram escuras. Até que o abade de Saint-Denis, resolveu reconstruir sua igreja.
Só que ele queria uma bem diferente, com paredes mais finas, vitrais…enfim, uma que não se parecesse com uma fortaleza. Usando de inúmeros estratagemas, o Abade Suger conseguiu fortalecer o reino da França e construir a primeira igreja gótica da história onde foram introduzidas as mais modernas técnicas da época! Esse estilo arquitetônico seria o maior legado da Idade Média e pelo qual sou completamente apaixonada.
Entrar nesta igreja é testemunhar séculos de história à sua volta. E todos os detalhes inovadores que a primeira construção gótica trouxe estão lá.
Abóboda em forma de ogiva cruzada, os vitrais, as colunas enormes, a luz colorida pelos pequenos pedaços de vidro colorido…
As rosáceas…
Saint-Denis foi a basílica real onde todos os reis da França desde o século X até o século XVIII foram enterrados (com algumas exceções). E durante todos esses séculos, a arte tumular (eu sei, o nome em português é horroroso!) foi se modificando.
Mas foi quando estávamos quase indo embora, que veio a melhor parte. Queríamos conhecer a cripta, onde ainda estão as paredes da igreja carolíngea do século VIII que precedeu a Basilique de Saint-Denis.
A entrada é pelo lado direito da igreja, onde estão a maquete e um vídeo sobre a basílica. Foi aí que soubemos que havia um tour guiado não só pela cripta, como por toda a igreja, absolutamente grátis!
Começamos pela cripta onde lá no século 8, ficavam as relíquias de Saint Denis, um santo importantíssimo na França – diz a história que ele foi decapitado em Montmartre e carregando a própria cabeça foi andando até cair no local onde hoje está a basílica (lembram da Saint-Chapelle? Nessa época eram as relíquias dos santos que atraíam peregrinos e fiéis para as igrejas).
Embarcamos numa viagem/aula narrada em francês por uma mocinha que parecia catedrática! Foram séculos de “causos reais” e revoluções deliciosamente explicados.
Então a dica é: se for a Saint-Denis e houver um tour na sua língua ou em alguma língua que você entenda, nem pestaneje!
A Basilique de Saint-Denis é um marco histórico e visitá-la me marcou muito também. O Abade Suger e sua maravilhosa construção serviram de inspiração e ponto de partida para todas as maravilhosas igrejas góticas espalhadas pela Europa.
Para ler os posts sobre a viagem de trem pela França, leia aqui.
Siga o Mala de Rodinha e Nécessaire no Twitter @maladerodinha
Curta a nossa Fanpage no Facebook: www.facebook.com/MaladeRodinhaeNecessaire
Para ver nossas fotos no Instagram: instagram.com/celinamartins
E veja nossa página no Google+
Foi muito muito muito bom!