Um passaporte perdido durante a viagem já é um problema enorme para resolver. Multiplique esse problema por 3 e adicione o fato de um dos passaportes ser de uma criança de pouco mais de um ano e temos um problema bem maior. Como eu disse no post anterior, esgotadas as esperanças de achar a já famosa mochila preta, partimos para um posto de policia para conseguirmos o papel que atestasse o ocorrido. Sem isso, nada mais poderia ser feito.
Tarefa 1- Conseguir o “boletim de ocorrência” da perda dos passaportes.
Nessa hora, mentalmente agradeci meus tempos de Aliança Francesa. Mas sinceramente eu seria capaz de falar Hebreu Arcaico através de mímica! Falando francês, no entanto, foi bem mais fácil explicar a situação. Em um minuto surgiu um officier de police para nos ajudar. Lindo, louro, alto, dois metros de ombro… e ainda por cima falando francês! Quase esqueci o que tinha ido fazer ali, achando que estava dentro de um filme. Confiando simplesmente em nossas palavras, o oficial preencheu três formulários de perda de passaporte como os dados fornecidos por Rafael, nomes, endereço, nacionalidade, etc. Desde o momento da perda do passaporte até aqui, todos que encontramos tentaram realmente nos ajudar e fomos tratados com toda a gentileza, em lugares nada turísticos. Agora, o próximo passo, a próxima tarefa da gincana, seria ir ao Consulado Geral do Brasil em Paris. Minutos antes do meio dia, atravessávamos as portas do consulado.
Tarefa 2– Ober informações precisas sobre a emissão de novos passaportes.
Minhas esperanças se renovaram ao constatar que não tinha ninguém vendendo coxinha de galinha, pão de queijo e guaraná, acondicionados nas tradicionais caixas de isopor! Era sinal que não havia uma fila. (Aqui em Londres, quando fui ao consulado, vi essa cena nas escadarias do prédio. Ninguém merece!) Havia uma fila sim, mas como o caso era apenas obter informações, fomos rapidamente atendidos, no primeiro balcão. Rafel mostrou os papéis da polícia, explicou o que havia acontecido e contrariamente ao que tínhamos lido no site, era sim possível conseguir um passaporte para o mesmo dia. Ufa! Mas… era necessário apresentar documentos, as passagens e reservas provando que eles ainda iam para outros países antes de voltar ao Brasil, e as cópias dos passaportes (que eles haviam feito dois meses antes), pagar a taxa num posto dos correios, e preencher os formulários (de Rafael e Juliana) on line. Exatamente como se faz para obter ou renovar o passaporte no Brasil. Como assim? Eu, você e a torcida do Flamengo temos a errônea impressão de vivermos num mundo totalmente conectado. Está tudo devidamente armazenado no “sistema”. Computador, internet, uma senha e um clique, está tudo lá! Certo? No caso do “Brazil” errado!!! A Polícia Federal “não conversa” com os consulados, que são justamente responsáveis pela emissão de Passaportes fora do Brasil!!! Ou seja, o Consulado não tem acesso ao sistema da Polícia Federal, sendo assim, não há, nem em casos de emergência, como obter um passaporte novo, sem a cópia do que foi perdido ou roubado, o que era exatamente o caso dos três. Para piorar a situação, o original da certidão de nascimento de Miguel também havia sido perdida. Se eles conseguissem todos os documentos, bastaria ir a um Bureau de Poste, (agência dos correios) e pagar a módica quantia de 160 euros por passaporte. Eu disse 160 euros e não reais. Só isso? sim, foi o que nos foi dito.
A “evolução” do passaporte brasileiro
Para obter meu segundo passaporte, ainda verdinho da silva, lembro que tive que chegar às 5 da manhã, no estacionamento do Rio Sul para tentar ser atendida. As coisas melhoraram… hoje é só ficar de plantão em frente ao computador, no conforto da sua casa, e achar um posto da Polícia Federal, e agendar… Agora o passaporte tem chip, super moderno, onde teoricamente, estão todas as informações pessoais e biométricas, exatamente como o seu cartão de banco tem informações sobra a conta. E entre outras modernidades, retiraram a filiação. Um chip, pressupõe um leitor de chip, que nem sempre está disponível ou funcionando nos aeroportos. A ausência da filiação no passaporte obriga os pais a portar também a certidão de nascimento original de seu(s) filho(s). Moderno, né?? A Flávia do blog Viajar é tudo de bom! escreveu um ótimo post sobre isso. Leia aqui.
E agora?
Tarefa 3 – conseguir as cópias dos passaportes e da certidão de Miguel
Agora era correr contra o tempo. Para dar entrada em todo o processo, eles teriam que conseguir as cópias dos passaportes e da certidão de nascimento de Miguel até a manhã de sexta-feira e chegar ao Consulado até o meio dia, com toda a papelada impressa (por isso é que é bom já levar tudo impresso para sua viagem, poupa um tempo que às vezes você não tem!).
A pergunta era -Como? Felizmente, eles haviam deixado uma cópia dos passaportes impressa com a mãe de Rafael. E a certidão de nascimento? Bom, a única cópia que havia estava na creche. A diferença de fuso horário, deu a eles 4 horas à frente e quando Rafael ligou para a mãe, o dia estava apenas começando no Brasil. O detalhe é que ela não tem intimidade alguma com computadores, e muito menos com termos como arroba, escanear, enviar em anexo, etc. Em tempo recorde, ela teria levar as cópias a uma lanhouse, escanear, pedir para enviar tudo por email, telefonar para a creche, e pedir que fizessem o mesmo.
Como toda a mãe é capaz de se transformar em Ninja quando um filho está em apuros, ela conseguiu, depois de vários telefonemas internacionais e algumas instruções, enviar as cópias escaneadas e ainda a certidão de nascimento, para o email de Rafael lá pelas 5 emeia da tarde em Paris! Foi aí que cometemos os maior dos erros! Fomos passear um pouco, aproveitar um tiquinho de Paris… e apresentar Miguel à Torre Eiffel.
A odisséia no dia de conseguir os passaportes… no próximo post!
E você, caro leitor, tem alguma experiência parecida para contar? Já precisou tirar um passaporte novo durante uma viagem ao exterior? Aos comentários, por favor.
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Estou acompanhando a odisséia em Paris e confesso que esse supense me deixa curiosa para saber o final. Concordo com Eulalia, parece novela! rsrs
Bjs
Foi mesmo uma novela, com direito a suspense e tensão! E lógico, 4 dias perdidos em Paris… 🙁
B om… eu sempre viajo com duas cópias de todos os documentos: uma na mala e outra na malinha de mão. Parece que é superstição: quando você está bem prevenida é batata: NADA ACONTECE (rs). Sem contar que tenho dois passaportes: o brasileiro e o europeu. Mais uma certeza de que, nestes casos, o imprevisto escolhe “não acontecer”…
Estou aguardando a nova postagem… está com suspense de novela!!! ai…
beijnhos
Com o passaporte português você está salva. Com um clique eles acham todas as suas informações e emitem um novo passaporte. Foi assim quando Daniel renovou o dele, faltando alguns documentos. Sem nenhum stresss.
Meu Deus!!! Que história loucaaa! Como vcs tiveram tanta cabeça pra enfrentar isso!! Ainda bem que falava francês… Nossa, quero ver o fim dessa história. Que aventura!
Pois é Mariana. Foram momentos de muito stress, contando minutos!
Nossa tadinhos dos seus amigos viu. Ainda não acredito que aí é possível pegar o passaporte no mesmo dia. Aqui nem pagando uma fortuna…e a boa vontade então ninguém merece.
Essa de tirar a filiação é ridículo, o passaporte canadense também não tem e eles quase nunca pedem a certidão quando viajamos. E se eu tiver roubando o filho de alguém? Para burlar a falta dessa informação no passaporte brasileiro e evitar ter que viajar com a certidão de nascimento mandei colocar uma autorização de viagem no passaporte avisando que minhas filhas podem viajar com qualquer um dos pais. Eles colocam um adesivo com a informação e nome dos pais no passaporte, não sei se no Brasil tem essa opção.
Beijos
Oi Livi, acho que no caso do passaporte comum, obtido normalmente no Brasil, essa opção não existe. O passaporte que eles conseguiram em Paris, tinha a filiação num adesivo, mas não sei se é porque era um passaporte de emergëncia.
Pô, td bem eu ainda não ser completamente conectada! Mas a Polícia Federal? Aí é complicado, né Cel?
A polícia federal é conectada, Eliana. Mas ela não libera o acesso às informações para o consulado, o que na minha opinião é um total absurdo, uma vez que com um simpres clique no computador, estaria tudo resolvido!